sexta-feira, 20 de novembro de 2009

APRENDENDO DIABETES

A incidência de diabetes mellitus tipo 2 (DM2) na atualidade atinge proporções epidêmicas, demandando um alto custo tanto econômico quanto social. Nesse sentido, atenção tem sido dispensada aos diferentes níveis preventivos da doença. A prevenção terciária, em que complicações já ocorreram, é, ainda hoje, a que consome a maior parte dos investimentos. A prevenção secundária tem merecido discussões desde os resultados dos grandes ensaios, mostrando a importância do tratamento adequado do diabético sem complicações. A prevenção primária, de interesse mais recente e enfoque dessas diretrizes, tem como finalidade impedir o aparecimento da doença. A Organização Mundial da Saúde (OMS) cita ainda um último nível de prevenção, o primordial, o qual objetiva evitar o surgimento de fatores de risco para DM2.


OBJETIVOS DE PREVENÇÃO

Observando-se a evolução do diabetes, percebe-se que complicações macrovasculares se iniciam prematuramente, enquanto as microvasculares aparecem quando já existem elevações nas glicemias. Existe
a necessidade de intervenção precoce para a prevenção da doença macrovascular antes das alterações glicêmicas. Nesse sentido, ênfase deve ser dada às modificações da qualidade ou do estilo de vida nos programas de atenção primária. No que tange à prevenção secundária, a redução do peso nos indivíduos recém-diagnosticados é de granderelevância clínica. Existem dados que mostram controle glicêmico ou mesmo remissão do diabetes em pacientes obesos mórbidos submetidos à cirurgia bariátrica. A perda de 5% a 10% de peso, além de possibilitar o alcance das metas glicêmicas, retarda a progressão, reduz as necessidades insulínicas e permite a retirada do tratamento farmacológico.
Os resultados do Diabetes Epidemiology: Collaborative Analysis of Diagnostic Criteria in Europe (DECODE)(1)demonstram a importância da glicemia pós-prandial (GPP) como marcador para doença cardiovascular. O Diabetes Control and Complications Trial (DCCT)(2) e o UK Prospective Diabetes Study (UKPDS) (3) mostraram que o tratamento intensivo, mesmo em fase de doença instalada, consegue prevenir ou postergar as complicações.

FATORES DE RISCO

Fator de risco significa maior chance de desenvolver a doença. Em relação aos fatores de risco modificáveis no diabetes tipo 2, particularmente sobrepeso e sedentarismo, o Estudo das Enfermeiras demonstrou que o incremento do índice de massa corporal (IMC) aumenta a incidência ou o risco de se desenvolver diabetes(4). Outro dado obtido desse ensaio evidencia que quanto maior o ganho de peso na vida adulta, maior o risco de se adquirir DM, inclusive indivíduos que iniciaram o estudo com peso adequado(5).
A distribuição central de gordura também assume um papel importante na gênese do diabetes. Hartz et al. mostram que aqueles com IMC normal e relação cintura/quadril > 0, apresentam risco aumentado de apresentar a doença(6).
O estudo de Helmrich et al. chama a atenção para outro fator de risco modifcável, o gasto energético através de exercícios físicos, demonstrando que quanto menor o nível de atividade física, maior o risco de se desenvolver DM(7).
Gimero et al. fizeram um estudo observacional numa comunidade de origem japonesa residente no Brasil. Em um período de sete anos, a prevalência de diabetes nessa população aumentou de 21% para 36%, valores atribuídos à mudança no padrão dietético, particularmente a maior ingestão de gordura().
Todos esses são pontos passíveis de intervenção para reverter o processo epidêmico no surgimento do diabetes tipo 2().

FONTE: Atualização Brasileira sobre diabetes. Rio de Janeiro. Diagraphic Editora. 2006. Versão atualizada












Nenhum comentário:

Postar um comentário